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Presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores nesta quinta-feira, em Porto Alegre. FERNANDO ALVES/THENEWS2 VIA ZUMA / DPA / EUROPA PRESS |
El País
O Brasil registrou nesta quinta-feira o terceiro dia consecutivo com mais de 400 mortes notificadas por covid-19: foram 435 óbitos confirmados em 24 horas, totalizando 5.901 falecimentos, de acordo com o Ministério da Saúde —o país tem 85.380 casos confirmados e 35.935 pessoas curadas—. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Governo Federal “fez de tudo” para conter a crise do novo coronavírus no país e acusou prefeitos e governadores de uso político da pandemia. Ao comentar a escalada de mortes causadas pelo vírus, em relação a qual ele questionou “e daí?” no início da semana, o presidente insistiu que cabe aos Governos locais gerir os recursos liberados e tomar medidas. “Governadores e prefeitos que tomaram medidas bastante rígidas não achataram a curva”, afirmou, sem qualquer evidência, referindo-se a São Paulo e Rio de Janeiro, que começam a enfrentar uma escalada de casos e chegam próximos à ocupação máxima de seus equipamentos de saúde. Especialistas arfimam que as medidas de isolamento social contribuíram para que o número de vítimas não fosse maior e até o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, mudou de discurso.
O Brasil registrou nesta quinta-feira o terceiro dia consecutivo com mais de 400 mortes notificadas por covid-19: foram 435 óbitos confirmados em 24 horas, totalizando 5.901 falecimentos, de acordo com o Ministério da Saúde —o país tem 85.380 casos confirmados e 35.935 pessoas curadas—. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Governo Federal “fez de tudo” para conter a crise do novo coronavírus no país e acusou prefeitos e governadores de uso político da pandemia. Ao comentar a escalada de mortes causadas pelo vírus, em relação a qual ele questionou “e daí?” no início da semana, o presidente insistiu que cabe aos Governos locais gerir os recursos liberados e tomar medidas. “Governadores e prefeitos que tomaram medidas bastante rígidas não achataram a curva”, afirmou, sem qualquer evidência, referindo-se a São Paulo e Rio de Janeiro, que começam a enfrentar uma escalada de casos e chegam próximos à ocupação máxima de seus equipamentos de saúde. Especialistas arfimam que as medidas de isolamento social contribuíram para que o número de vítimas não fosse maior e até o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, mudou de discurso.
“Ninguém está pensando em
relaxar o isolamento. Neste momento, ninguém está pensando em flexibilizar
nada”, disse o ministro em coletiva de imprensa. “Temos uma diretriz pronta, um
ponto de partida, mas não dá para você começar uma liberação (social) quando
você tem uma curva em franca ascendência", acrescentou. “Hoje estamos em
435 [confirmadas nas últimas 24 horas], o número de 1.000, se tivermos um
crescimento significativo na pandemia, é possível acontecer. Não quer dizer que
vai acontecer", seguiu. De acordo com um estudo do Imperial College de
Londres, o Brasil pode registrar 9.700 mortes por covid-19 até o próximo
domingo e tem, neste momento, a pior situação do mundo com o número de casos
“em provável crescimento” e um registro “muito grande” de óbitos. A previsão
mais otimista da instituição era de 5.600 óbitos até o fim desta semana, um
número já ultrapassado pela realidade brasileira.
São Paulo pede ajuda e no
Rio há mais de 1.000 pesssoas
No Rio de Janeiro, o segundo
Estado mais afetado pela pandemia, com 854 mortes e 9.453 casos de covid-19, a
projeção feita pelas autoridades é alarmante. Mais de mil pacientes —361 deles
em estado grave— com sintomas compatíveis com a doença aguardavam, nesta
quinta-feira, por uma vaga em UTI ou enfermaria. Edmar Santos, secretário
estadual da Saúde, disse em entrevista ao portal G1 que trabalha com a “base”
de 140 mil pessoas infectadas, o que projeta a necessidade de 21 mil leitos de
enfermaria e sete mil de CTI nas próximas duas semanas. O Estado só dispõe na rede
pública de pouco menos de 4.000 vagas. “Obviamente, isso é matematicamente
impossível”, lamentou.
No Estado de São Paulo, o
mais afetado pelo coronavírus —com 28.698 casos confirmados e 2.375 óbitos—, a
taxa de ocupação dos leitos de UTI na capital e região metropolitana para
tratar pacientes com covid-19 chegou a 89%. Por conta disso, o secretário da
Saúde, José Henrique Germann, hospitais do interior do Estado serão utilizados
para tratar os doentes da região da Grande São Paulo. Sem apresentar provas,
Bolsonaro acusou o Governo de João Doria (PSDB) de inflar o número de mortes
para fazer uso político da crise. “É o governador ‘gravatinha’ fazendo
politicalha”, desdenhou.
Membros do Comitê de
Contingência do Coronavírus em São Paulo reuniram-se com o ministro da Saúde
para pedir quatro milhões de testes rápidos, 100 respiradores para o Hospital
das Clínicas já nos próximos dias e repasse de 292 milhões de reais para
habilitar 2049 leitos de UTI, além de máscaras e equipamentos de proteção
individual (EPIs).
Embora o Governo do Estado
prepare um plano de retomada de algumas atividades a partir do dia 10 de maio,
a capital paulista não flexibilizará as medidas de isolamento, conforme afirmou
o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido. Ele argumenta que a cidade
ainda não está preparada para o adotar essa medida e disse que a equipe do
prefeito Bruno Covas estuda endurecer a quarentena em algumas áreas da cidade,
com a possibilidade de bloquear avenidas. “Já é uma decisão tomada. Nós não
temos como relaxar as medidas de isolamento social a partir do dia 10 de maio.
Na capital é absolutamente impossível”, disse, em entrevista à TV Globo na
manhã desta quinta.
A Sociedade Brasileira para
o Progresso da Ciência (SBPC) lançou carta nesta quinta cobrando do Governo
Bolsonaro e do Ministério da Saúde ações mais ações contundentes para traçar um
plano emergencial contra a pandemia. O grupo, que engloba mais de 40 entidades
científicas, diz que “se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos
do ministério se resumirão a informar o número de mortos”. “Há um plano para o
uso dos leitos hospitalares de modo integrado? Diversos países fizeram a
integração das redes hospitalares públicas e privadas por decisões dos
governantes, com ótimos resultados na distribuição e atendimento dos doentes
mais graves”, questiona a entidade.