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ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o juiz federal Sergio Moro
(Divulgação/Divulgação) |
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ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve seu índice de desaprovação
reduzido e sua taxa de aprovação ampliada em setembro na comparação com o mês
anterior, segundo o mais recente Barômetro Político, pesquisa mensal de
credibilidade realizada pelo instituto Ipsos. O percentual da população que não
concorda com a atuação de Lula caiu de 66% para 59%, enquanto a parcela da
sociedade que aprova subiu de 32% para 40%, a maior em dois anos de
levantamento – 1% não soube opinar.
Ao
mesmo tempo, o juiz federal Sergio Moro, que condenou Lula a nove anos e meio
de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e é um dos símbolos da
Operação Lava Jato, alcançou uma taxa de desaprovação de 45%, recorde desde
setembro de 2015. As impressões da população foram colhidas entre os dias 1º e
14 deste mês, ou seja, já captam parte do efeito do depoimento do ex-ministro
Antonio Palocci, que fez duras acusações a Lula.
No
dia 6, Palocci afirmou a Moro que o ex-presidente tinha um “pacto de sangue”
com a Odebrecht por propinas e que a empresa colocou 300 milhões de reais à
disposição do PT no fim do mandato de Lula. Entre agosto e setembro, Lula foi o
presidenciável com a maior taxa de aprovação, perdendo apenas para Moro e o
apresentador de TV Luciano Huck – os dois negam interesse em disputar o cargo.
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Deputado
Jair Bolsonaro (PSC-RJ) viu aprovação diminuir e rejeição aumentar no último
mês (FLAVIO TAVARES/JORNAL HOJE EM DIA/Estadão Conteúdo) |
O
deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à sucessão do
presidente Michel Temer (PMDB), acumulou dois reveses no Barômetro Político
deste mês: o percentual que o rejeita subiu de 56% para 63% (a pior taxa em
dois anos) e a parcela que aprova sua atuação caiu de 21% para 19%, dentro da
margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O
cientista político Carlos Melo, professor do Insper, afirmou, no entanto, que a
aprovação e a rejeição a Lula tem um limite porque os grupos que aprovam e
desaprovam o ex-presidente têm similaridades entre si. “Eles não mudam suas
opiniões, a posição desses grupos não está conectada com os fatos. Não há como
reverter isso. Lula tem um piso do qual ele não passa. Assim como podemos dizer
que ele tem um teto que não passará também. Nesse sentido, Lula é um candidato
forte de primeiro turno, tem capacidade para fazer uma grande bancada na
Câmara. Agora, ele deve enfrentar sérias dificuldades para vencer uma eleição
de segundo turno”, analisa Melo.
Segundo
o também cientista político Cláudio Couto, da FGV-SP, o embate entre Lula e
Moro parece estar criando uma vitimização do ex-presidente. “Além disso, a
aprovação de Lula surfa na desaprovação do governo Temer”, afirmou Couto.
Tucanos
Entre
os tucanos, o prefeito da capital paulista, João Doria, ainda é o que tem os
melhores índices, apesar de sua credibilidade com a população estar caindo. “É
a prova de como a imagem se desgasta rapidamente diante de altas demandas por
serviços públicos de qualidade aliada a uma expectativa não correspondida da
população”, afirma Cersosimo.
No
último mês, quando intensificou sua agenda de viagens pelo Brasil com foco na
corrida presidencial, Doria viu sua taxa de reprovação passar de 52% para 58%
(um ponto abaixo da de Lula) e sua aprovação cair de 19% para 16% – menos da
metade de Lula e só três pontos acima do índice positivo do governador Geraldo
Alckmin, com quem disputa a indicação do PSDB para a eleição de 2018. Os
números do governador paulista oscilaram para baixo no mês passado, dentro da
margem de erro. Seu índice de desaprovação passou de 73% para 75% e o de
aprovação, de 14% para 13%.
Outros nomes
A
pesquisa também mostrou a percepção dos entrevistados em relação a outros
nomes. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), principal responsável
pela agenda de reformas do governo e que passou recentemente a se colocar como
presidenciável em 2018. tem desaprovação alta, de 66%, e aprovação baixíssima,
de 3% – índice que pode ser explicado pelo desconhecimento do seu nome.
A
rejeição ao presidente Michel Temer (PMDB) teve um crescimento exponencial no
último ano, passando de 60 para 94% dos pesquisados. Os que aprovam o
presidente hoje são apenas um décimo do que eram em setembro de 2016: a queda
foi de 30 para 3% nos últimos doze meses.
Já
o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa também não tem
motivos para sorrir com a nova pesquisa. No último ano, a desaprovação ao
ex-ministro do STF chegou a 41% e superou a aprovação, que é de 38%.
A
ex-senadora Marina Silva (Rede) manteve os números que tinha há um ano – o
percentual dos que a desaprovam aumentou de 53 para 60%, enquanto o de seus
apoiadores foi de 32 para 28% na última pesquisa.
Apontado
como um possível “plano B” do PT, caso Lula seja impedido pela Justiça de
concorrer, o ex-prefeito Fernando Haddad alcançou seus piores índices em dois
anos. “A pesquisa mostra uma rejeição alta (57%) e comprova que essa
desaprovação cai na medida em que seu nome fica mais conhecido. Isso quer dizer
que Lula não repassa seu capital político para Haddad”, explica Cersosimo. (Veja.com)